

Publicado 02/09/2025 · Atualizado 19/09/2025 · 15min de leitura
A cannabis medicinal tem se mostrado uma alternativa promissora no cuidado de pessoas com Doença de Alzheimer. Essa condição neurodegenerativa afeta progressivamente a memória, o comportamento e as funções cognitivas, impactando diretamente a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.
Pesquisas recentes sugerem que os canabinoides, em especial o canabidiol (CBD), possuem propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e antioxidantes, que podem auxiliar tanto na melhora dos sintomas quanto na desaceleração da progressão da doença. Uma revisão publicada na Biomolecules destacou que o CBD atua em múltiplas vias envolvidas no Alzheimer, reduzindo processos inflamatórios e o estresse oxidativo.
Outros estudos observaram que o uso de CBD e THC pode aliviar sintomas comuns em pacientes com Alzheimer, como agitação, agressividade, apatia e distúrbios do sono, além de apresentar resultados promissores em modelos animais na redução do acúmulo de placas β-amiloides, relacionadas ao avanço da doença.
De forma semelhante, estes pesquisadores apontaram benefícios dos canabinoides naturais na melhora de sintomas motores e cognitivos, atuando em alvos moleculares ligados à fisiopatologia da doença.
Uma revisão abrangente publicada no European Journal of Neuroscience reforça o potencial do CBD como estratégia terapêutica complementar, indicando sua atuação em mecanismos relacionados à neurodegeneração. Ainda que os resultados sejam promissores, os estudos também ressaltam a necessidade de ensaios clínicos de maior escala para definição das dosagens ideais e avaliação dos efeitos a longo prazo.
A Doença de Alzheimer é um transtorno neurológico progressivo que leva à perda de memória e de funções cognitivas. É a principal causa de demência no mundo, afetando principalmente idosos. Entre os sintomas mais comuns estão a desorientação, mudanças de humor, dificuldade de comunicação e perda gradual da autonomia.
O tempo para notar os efeitos da cannabis medicinal varia conforme a forma de uso e o objetivo do tratamento. Em sprays sublinguais, os efeitos podem surgir entre minutos e poucas horas, enquanto cápsulas e outros formatos apresentam início mais lento. No caso do Alzheimer, os resultados geralmente são avaliados ao longo de semanas ou meses, considerando a redução de sintomas comportamentais e a melhora na qualidade de vida.
O tratamento com cannabis medicinal deve ser conduzido por um médico qualificado. O profissional irá avaliar o histórico clínico, os sintomas predominantes e os tratamentos já utilizados, definindo a formulação mais adequada (com CBD isolado ou combinado THC) e a dosagem inicial. O acompanhamento contínuo é essencial para ajustar o tratamento e garantir a segurança e eficácia da terapia.
ROJAN, J. et al. The Main Therapeutic Applications of Cannabidiol (CBD) and Its Potential Effects on Aging with Respect to Alzheimer’s Disease. Biomolecules, v. 13, n. 1446, 2023.
CAVALCANTE, P. S. F.; FERNANDES, M. N. Os benefícios terapêuticos dos canabinoides naturais no retardo da fisiopatologia da Doença de Alzheimer. Research, Society and Development, v. 10, n. 6, 2021.
PEREIRA, D. A.; LINS, A. M. S.; FRANCISCO, M. E. M. Canabidiol e THC no tratamento da Doença de Alzheimer: uma revisão integrativa da literatura. Research, Society and Development, v. 14, n. 5, 2025.
MELLO-HORTEGA, E. M. et al. Cannabidiol and Alzheimer Disease: A Comprehensive Review and In Silico Insights. European Journal of Neuroscience, v. 62, e70229, 2025.