Publicado 02/09/2025 · 15min de leitura
A cannabis medicinal tem ganhado destaque como uma ótima alternativa eficaz no tratamento da insônia, um dos distúrbios do sono mais comuns. No Brasil, de acordo com uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, 72% da população têm algum tipo de alteração no sono, seja dificuldade para adormecer, despertares noturnos ou sono não restaurador. Esse cenário reforça a necessidade de novas abordagens terapêuticas, e os canabinoides, tanto o CBD (canabidiol) quanto o THC (tetrahidrocanabinol), têm mostrado potencial clínico significativo para melhorar a qualidade do sono.
Pesquisas recentes demonstram que os canabinoides atuam em receptores do sistema endocanabinoide, regulando processos relacionados ao ciclo sono-vigília. Um estudo feito no Colorado, nos EUA, mostrou que o uso de cannabis ajuda a adormecer mais rápido, aumenta o tempo de descanso e melhora a qualidade do sono. Além disso, os pacientes relataram redução de sintomas de ansiedade, condição intimamente ligada às dificuldades para dormir.
Outro ponto relevante é o perfil de segurança da cannabis medicinal. Enquanto muitos medicamentos convencionais para insônia podem gerar dependência ou causar efeitos adversos, estudos com CBD e THC apontam maior tolerabilidade, com efeitos colaterais leves e transitórios, como fadiga ou sonolência diurna. Isso torna a cannabis uma alternativa viável, especialmente para pacientes que não obtêm resultados satisfatórios com terapias tradicionais ou que buscam opções mais naturais e seguras.
É fundamental ressaltar que o uso da cannabis medicinal no tratamento da insônia deve ser feito com acompanhamento médico, em conformidade com as normas da Anvisa e considerando as particularidades de cada paciente.
A insônia é um distúrbio do sono caracterizado por dificuldade em iniciar ou manter o sono, o que compromete a qualidade de vida e a saúde geral. Essas interrupções frequentes no descanso estão associadas a prejuízos cognitivos, baixa resposta imunológica e maior risco de doenças crônicas.
O início do efeito da cannabis varia conforme o método de administração. Em forma de spray, por exemplo, os efeitos podem ser notados entre alguns minutos a até 20 minutos após o uso, atingindo o pico em cerca de 1 a 3 horas. Em formas como óleos ou cápsulas, a absorção é mais lenta, com início entre 30 minutos a 2 horas. Mas é importante lembrar que os efeitos podem demorar para serem percebidos pelo paciente, pois dependem de cada organismo e da complexidade do sistema endocanabinoide de cada um.
É fundamental procurar um médico habilitado para identificar se a insônia é primária ou secundária, orientar o tratamento e seguir as normas da Anvisa. Cada paciente pode responder de forma diferente aos canabinoides, portanto, é comum iniciar com baixa dosagem e ajustar conforme a resposta, sempre com acompanhamento profissional. A cannabis pode ser uma opção valiosa quando aliada a estratégias não farmacológicas como higiene do sono ou terapia cognitivo-comportamental, que são recomendadas como tratamento de primeira linha para insônia.
SHANNON, S.; LEWIS, N.; LEE, H.; HUGHES, S. Cannabidiol in anxiety and sleep: A large case series. The Permanente Journal, v. 23, p. 18–041, 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30624194/. Acesso em: 15 set. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Você já teve insônia? Saiba que 72% dos brasileiros sofrem com alterações no sono. Brasília, DF, 21 mar. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/voce-ja-teve-insonia-saiba-que-72-dos-brasileiros-sofrem-com-alteracoes-no-sono. Acesso em: 15 set. 2025.
