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Cannabis para depressão: pesquisas apontam menos efeitos colaterais no tratamento

Cannabis para depressão: pesquisas apontam menos efeitos colaterais no tratamento

Publicado 02/09/2025 · 8 min de leitura

A depressão é um transtorno de humor que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo uma das principais causas de incapacidade global segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Caracteriza-se por tristeza persistente, perda de interesse, fadiga, alterações no sono e no apetite, além de sintomas cognitivos e emocionais que podem comprometer significativamente a qualidade de vida.

Embora existam diversos medicamentos antidepressivos disponíveis, muitos pacientes apresentam resposta parcial ou efeitos adversos relevantes, o que tem levado à busca por novas abordagens terapêuticas, entre elas, a cannabis medicinal.

Pesquisas recentes têm apontado o canabidiol (CBD) como um composto promissor no manejo dos transtornos depressivos, por sua atuação no sistema endocanabinoide, responsável por regular o humor, o sono, o apetite e a resposta ao estresse.

Um estudo publicado na revista científica Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology demonstrou que o CBD exerce efeitos antidepressivos rápidos e sustentados, modulando neurotransmissores como serotonina e dopamina, mesmos alvos dos antidepressivos convencionais. Os autores destacam que o CBD apresenta um bom perfil de segurança e pode atuar como uma alternativa terapêutica com menos efeitos colaterais em comparação aos fármacos tradicionais.

Uma revisão publicada no Research, Society and Development Journal analisou o uso de canabinoides em diferentes transtornos mentais, incluindo a depressão. O estudo reforçou que o CBD pode reduzir sintomas depressivos e ansiosos, melhorar o sono e promover equilíbrio emocional, sendo especialmente útil em casos resistentes a medicamentos convencionais.

Essas evidências reforçam o potencial da cannabis medicinal como aliada na saúde mental, ajudando a restabelecer o bem-estar e o equilíbrio neuroquímico. No entanto, o uso deve ser sempre acompanhado por profissionais qualificados, garantindo segurança, individualização da dose e acompanhamento contínuo.

O que é a depressão?

A depressão é um transtorno multifatorial, influenciado por aspectos genéticos, biológicos, psicológicos e sociais. Seus sintomas podem incluir tristeza persistente, perda de prazer nas atividades, dificuldade de concentração, alterações de sono e apetite, fadiga e, em casos graves, pensamentos negativos recorrentes.

O diagnóstico é clínico e o tratamento costuma envolver uma abordagem integrada, combinando psicoterapia, medicamentos e, em alguns casos, terapias complementares como o uso da cannabis medicinal.

Quanto tempo demora para sentir o efeito do tratamento com cannabis?

O início do efeito da cannabis varia conforme o método de administração. Em forma de spray, por exemplo, os efeitos podem ser notados entre alguns minutos a até 20 minutos após o uso, atingindo o pico em cerca de 1 a 3 horas. Em formas como óleos ou cápsulas, a absorção é mais lenta, com início entre 30 minutos a 2 horas. Mas é importante lembrar que os efeitos podem demorar para serem percebidos pelo paciente, pois dependem de cada organismo e da complexidade do sistema endocanabinoide de cada um.

Como começar um tratamento com cannabis para depressão?

É fundamental procurar um médico habilitado para identificar se a insônia é primária ou secundária, orientar o tratamento e seguir as normas da Anvisa. Cada paciente pode responder de forma diferente aos canabinoides, portanto, é comum iniciar com baixa dosagem e ajustar conforme a resposta, sempre com acompanhamento profissional. A cannabis pode ser uma opção valiosa quando aliada a estratégias não farmacológicas como higiene do sono ou terapia cognitivo-comportamental, que são recomendadas como tratamento de primeira linha para insônia.

Bibliografia utilizada

KIM, J. et al. Cannabidiol exerts rapid and sustained antidepressant-like effects through the modulation of serotonin and dopamine systems. Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology, 2024. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/bcpt.14089.

SANTOS, L. C. et al. O uso de canabinoides como alternativa terapêutica em transtornos depressivos: revisão narrativa. Research, Society and Development Journal, v. 12, n. 8, 2023. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/35786.