

Publicado 19/09/2025 · Atualizado 19/09/2025 · 15min de leitura
A menopausa marca uma fase de grandes transformações hormonais, frequentemente acompanhadas de sintomas físicos e emocionais, como ondas de calor, alterações de humor, insônia, ansiedade, dores articulares e queda da libido. Estima-se que até 80% das mulheres passem por sintomas significativos, que podem impactar diretamente a qualidade de vida.
Pesquisas recentes têm apontado a cannabis medicinal como uma alternativa promissora no manejo desses sintomas. Um estudo publicado no Menopause: The Journal of The North American Menopause Society mostrou que cerca de 79% das mulheres em peri e pós-menopausa relataram utilizar cannabis medicinal para aliviar sintomas relacionados à fase, especialmente distúrbios do sono (67%) e questões de humor e ansiedade (46%). Além disso, mulheres em perimenopausa relataram maior uso da cannabis para lidar com sintomas emocionais mais intensos, como ansiedade e depressão.
Outro levantamento, realizado no Canadá com mais de 1,4 mil mulheres, revelou que um terço delas fazia uso de cannabis, sendo que 75% relataram utilizar para fins medicinais. Os principais motivos incluíam dificuldades para dormir (65%), ansiedade (45%) e dores musculares ou articulares (33%). Importante destacar que 74% das usuárias afirmaram sentir melhora nos sintomas relacionados à menopausa após o uso da planta.
Esses dados reforçam o potencial da cannabis como uma opção não hormonal para o tratamento da menopausa, em especial para mulheres que buscam alternativas ao tratamento mais tradicional ou que apresentam contraindicações.
A menopausa é definida como a interrupção permanente dos ciclos menstruais, geralmente ocorrendo entre os 45 e 55 anos. Essa transição é marcada por variações hormonais que podem gerar sintomas físicos (ondas de calor, suor noturno, secura vaginal) e emocionais (mudanças de humor, ansiedade, insônia).
O início do efeito da cannabis varia conforme o método de administração. Em forma de spray, por exemplo, os efeitos podem ser notados entre alguns minutos a até 20 minutos após o uso, atingindo o pico em cerca de 1 a 3 horas. Em formas como óleos ou cápsulas, a absorção é mais lenta, com início entre 30 minutos a 2 horas. Mas é importante lembrar que os efeitos podem demorar para serem percebidos pelo paciente, pois dependem de cada organismo e da complexidade do sistema endocanabinoide de cada um.
O tratamento com cannabis medicinal deve sempre ser acompanhado por um médico qualificado. O primeiro passo é a consulta, na qual o profissional avalia o histórico clínico, os sintomas e as necessidades individuais. Com base nisso, poderá indicar a formulação mais adequada (como óleos ou sprays) e a dosagem inicial. O acompanhamento regular é essencial para ajustar o tratamento, garantir a eficácia e a segurança do paciente.
BABYN, Katherine; ROSS, Sue; MAKOWSKY, Mark; KIANG, Tony; YUKSEL, Nese; et al. Cannabis use for menopause in women aged 35 and over: a cross-sectional survey on usage patterns and perceptions in Alberta, Canada. BMJ Open, v. 13, n. 6, e069197, 2023. DOI: 10.1136/bmjopen-2022-069197. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37344107/. Acesso em: 15 set. 2025.
GRUBER, Staci A.; DRESSLER, Karli J.; et al. A survey of medical cannabis use during perimenopause and postmenopause. Menopause, v. 29, n. 9, p. 1028-1036, set. 2022. DOI: 10.1097/GME.0000000000002043. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35917529/. Acesso em: 15 set. 2025.