Publicado 02/09/2025 · 8 min de leitura
O transtorno bipolar é uma condição de saúde mental marcada por episódios de elevação de humor (mania ou hipomania) e depressão, além de alterações no sono, na energia, na capacidade de concentração e no comportamento, o que pode causar importante impacto na qualidade de vida.
Os tratamentos convencionais, como estabilizadores de humor e antipsicóticos, são essenciais mas nem sempre produzem resposta satisfatória ou são bem tolerados.
Nesse cenário, a cannabis medicinal tem surgido como uma alternativa que merece atenção. Um estudo recente investigou o uso de canabidiol (CBD) como tratamento adjuvante em depressão bipolar aguda. A análise indicou que a dose de 300 mg/dia de CBD reduziu significativamente os escores de depressão (MADRS) entre a semana 2 e a semana 8 (placebo: -6,64; CBD: -13,72) e não apresentou aumento de sintomas maníacos ou efeitos adversos graves.
Essas descobertas sugerem que o CBD pode ser seguro como terapia adjuvante no transtorno bipolar - especialmente em dosagens maiores - e reforçam a necessidade de mais ensaios clínicos bem desenhados para confirmar sua eficácia.
Quando consideramos o papel do sistema endocanabinoide na regulação do humor, sono e resposta ao estresse, a atuação de canabinoides como o CBD abre uma via promissora de intervenção. Assim, a cannabis medicinal pode representar uma ferramenta complementar para manejo do transtorno bipolar, em conjunto com acompanhamento médico rigoroso.
O transtorno bipolar é um distúrbio do humor em que a pessoa apresenta alterações significativas entre fases de elevação ou irritabilidade (mania/hipomania) e fases de depressão. Pode envolver dificuldade para dormir ou dormir demais, flutuações de energia, mudanças no apetite, sensação de inutilidade ou culpa, pensamentos acelerados ou lentos, impulsividade e redução da funcionalidade no dia a dia. O diagnóstico é clínico e requer acompanhamento especializado, e o tratamento frequentemente envolve combinação de psicoterapia, medicamentos e modificação de estilo de vida.
O início do efeito da cannabis varia conforme o método de administração. Em forma de spray, por exemplo, os efeitos podem ser notados entre alguns minutos a até 20 minutos após o uso, atingindo o pico em cerca de 1 a 3 horas. Em formas como óleos ou cápsulas, a absorção é mais lenta, com início entre 30 minutos a 2 horas. Mas é importante lembrar que os efeitos podem demorar para serem percebidos pelo paciente, pois dependem de cada organismo e da complexidade do sistema endocanabinoide de cada um.
É fundamental procurar um médico habilitado para identificar se a insônia é primária ou secundária, orientar o tratamento e seguir as normas da Anvisa. Cada paciente pode responder de forma diferente aos canabinoides, portanto, é comum iniciar com baixa dosagem e ajustar conforme a resposta, sempre com acompanhamento profissional. A cannabis pode ser uma opção valiosa quando aliada a estratégias não farmacológicas como higiene do sono ou terapia cognitivo-comportamental, que são recomendadas como tratamento de primeira linha para insônia.
GONZÁLEZ-PINTO, A. et al. Cannabidiol as a potential treatment for bipolar disorder: A translational review of neurobiological and clinical evidence. Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry, 2023. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37920963/.
