

Publicado 19/09/2025 · Atualizado 19/09/2025 · 15min de leitura
A cannabis medicinal tem ganhado cada vez mais espaço como uma alternativa para o tratamento da epilepsia, sobretudo em casos resistentes aos medicamentos convencionais. O canabidiol (CBD), principal composto estudado, pode ser um grande aliado na redução da frequência e intensidade das crises epilépticas.
Este estudo demonstrou que o CBD reduziu significativamente o número de convulsões em pacientes com síndrome de Dravet, uma forma rara e grave de epilepsia infantil. Outro ensaio clínico revelou resultados semelhantes em pacientes com síndrome de Lennox-Gastaut, indicando que o CBD pode ser um recurso terapêutico importante quando os tratamentos tradicionais não apresentam resposta satisfatória.
Uma revisão publicada na Epileptic Disorders também reforça que o CBD é geralmente bem tolerado, com efeitos adversos leves e manejáveis, como sonolência e fadiga. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece o potencial terapêutico do canabidiol, apontando evidências científicas robustas de sua segurança no tratamento da epilepsia.
No Brasil, cada vez mais pacientes e familiares têm recorrido à cannabis medicinal em busca de qualidade de vida, especialmente nos casos de epilepsia refratária. Ainda assim, é fundamental que o tratamento seja individualizado e acompanhado por profissionais de saúde qualificados.
A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por crises convulsivas recorrentes, causadas por descargas elétricas anormais no cérebro. Essas crises podem variar em intensidade e duração, indo de episódios de ausência até convulsões generalizadas. A condição afeta milhões de pessoas em todo o mundo e pode estar associada a fatores genéticos, lesões ou alterações no desenvolvimento cerebral.
O tempo para perceber os efeitos do tratamento com cannabis pode variar. Em sprays sublinguais, os efeitos começam em minutos, enquanto em óleos e cápsulas podem levar de 30 minutos a 2 horas. No entanto, em epilepsia, os resultados são avaliados a médio e longo prazo, já que o objetivo é reduzir a frequência e intensidade das crises de forma consistente.
O primeiro passo é procurar um médico qualificado. Ele avaliará o histórico clínico, o tipo de epilepsia e os tratamentos já utilizados. A partir dessa análise, indicará a formulação mais adequada, definirá a dosagem inicial e acompanhará a evolução do paciente. O acompanhamento contínuo é fundamental para garantir segurança e eficácia no uso da cannabis medicinal.
DEVINSKY, O. et al. Trial of Cannabidiol for Drug-Resistant Seizures in the Dravet Syndrome. New England Journal of Medicine, 2017.
THIELE, E. A. et al. Cannabidiol in patients with seizures associated with Lennox-Gastaut syndrome (GWPCARE4): a randomized, double-blind, placebo-controlled phase 3 trial. Lancet, 2018.
PERUCCA, E. Cannabidiol for the treatment of epilepsy: an overview of recent clinical trials. Epileptic Disorders, 2020.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Critical Review Report: Cannabidiol (CBD). Geneva: WHO, 2018.