Publicado 19/09/2025 · Atualizado 19/09/2025 · 15min de leitura
As desordens temporomandibulares (DTM) e as dores orofaciais são condições que afetam milhões de pessoas em todo o mundo e podem causar grande impacto na qualidade de vida. Muitas vezes chamadas de bruxismo, elas englobam um conjunto de alterações que comprometem a articulação temporomandibular (ATM), os músculos mastigatórios e estruturas associadas, manifestando-se por sintomas como dor crônica na mandíbula e face, limitação dos movimentos mandibulares, estalos articulares, cefaleia e distúrbios do sono.
Além disso, existe uma variedade de condições que causam a disfunção temporomandibular, sendo o bruxismo e alterações da mordida as causas mais comuns.
O tratamento convencional costuma envolver placas oclusais, fisioterapia, analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares. No entanto, nem todos os pacientes apresentam resposta satisfatória a essas abordagens, o que tem impulsionado a busca por alternativas terapêuticas mais eficazes, entre elas, a cannabis medicinal.
Estudos mostram que o canabidiol (CBD) possui propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e miorrelaxantes, capazes de reduzir a dor, a tensão muscular e a inflamação associadas às DTM e às dores orofaciais crônicas. Uma revisão publicada no periódico Pharmaceutics demonstrou que o CBD pode melhorar significativamente os sintomas, promovendo o relaxamento da musculatura mastigatória e aliviando a dor facial crônica.
Outra revisão, publicada na Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, analisou 13 estudos clínicos e pré-clínicos e concluiu que os canabinoides reduzem a dor articular e muscular, melhoram a função mandibular e impactam positivamente a qualidade de vida de pacientes com dor orofacial crônica.
Além disso, um ensaio clínico conduzido na Polônia demonstrou que a aplicação tópica de CBD sobre o músculo masseter reduziu significativamente a dor miofascial e melhorou a função mandibular em pacientes com disfunções musculares associadas à DTM.
Essas evidências reforçam o potencial da cannabis medicinal como aliada no tratamento das dores orofaciais e das desordens temporomandibulares, especialmente em casos crônicos e refratários aos tratamentos convencionais. Ainda assim, é essencial que o uso seja acompanhado por profissionais de saúde qualificados, garantindo segurança, eficácia e individualização do cuidado.
As DTM são condições que afetam a articulação temporomandibular - responsável pelos movimentos de mastigação, fala e deglutição - e as estruturas musculares associadas. Elas podem resultar em dor crônica, rigidez muscular, estalos ou crepitação nas articulações, dificuldade para abrir a boca e dores irradiadas para a cabeça, pescoço e ombros. Em muitos casos, estão associadas a fatores como estresse, tensão muscular, trauma, alterações posturais ou hábitos parafuncionais.
O tempo para perceber os efeitos varia conforme a forma de administração. Em aplicações sublinguais, os resultados podem começar a surgir entre alguns minutos e até 1 hora, enquanto óleos ou cápsulas orais podem levar de 30 minutos a 2 horas. No caso das DTM e dores orofaciais crônicas, a melhora tende a ocorrer de forma progressiva, geralmente ao longo de algumas semanas de uso contínuo.
O primeiro passo é procurar um profissional de saúde qualificado, que avaliará o histórico clínico, a intensidade dos sintomas e os tratamentos já realizados. A partir dessa análise, será possível indicar a formulação mais adequada - como óleos sublinguais ou aplicações tópicas - e ajustar a dosagem conforme a resposta individual. O acompanhamento regular é fundamental para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.
WALCZYŃSKA-DRAGON, K. et al. The Therapeutic Potential of Cannabidiol in the Management of Temporomandibular Disorders and Orofacial Pain. Pharmaceutics, v. 17, n. 328, 2025.
SIQUEIRA, L. C. et al. Effects of cannabinoids use in temporomandibular disorders: A scoping review. Pesqui. Bras. Odontopediatria Clín. Integr., v. 26, e240181, 2026.
NITECKA-BUCHTA, A. et al. Myorelaxant and antinociceptive effects of cannabidiol in patients with myofascial pain: a randomized clinical trial. Journal of Clinical Medicine, v. 8, n. 10, 2019.
